(Foto: opovo)
As declarações do presidente Jair Bolsonaro (PSL) na última segunda-feira, 29, sobre a morte de Fernando Santa Cruz, pai de Felipe Santa Cruz, atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), causaram desconforto entre diferentes setores da classe política. Uma das principais vozes de apoio a Bolsonaro ainda na época da campanha presidencial, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), classificou a fala do presidente como "infeliz". Ontem, disse que não tem intenções de confrontar o governo.
Em conta oficial no Twitter, o partido Novo, que tem se manifestado a favor de parte considerável das pautas defendidas pelo Governo, declarou, ontem, que "espera que um político tenha senso de prioridade, respeito à população e inspire pelo exemplo. As declarações do presidente Bolsonaro vão na direção oposta. Perde o país". Deputado federal pelo Novo, Vinícius Poit (SP) disse ter se sentido incomodado com as declarações.
"Acima de tudo, é uma falta de respeito, é uma tamanha grosseria. O jeito de falar é uma falta de sensibilidade, não importa de onde é o 'cara' da OAB, o que importa é que é o pai do 'cara' que ele tá falando. Então eu acho que tem que ter mais tato", disse ao O POVO. Poit fez questão de deixar claro que tal posicionamento não significa que o partido deixará de apoiar projetos do Governo considerados importantes para o Novo. "Não posso vincular a minha votação e o nosso julgamento com base na fala do presidente", completa.
Opinião parecida tem o deputado federal Paulinho da Força (SD-SP). Ele afirma que as declarações em nada afetam o apoio do Solidariedade às medidas defendidas pelo partido. "Para quem conhece Bolsonaro há algum tempo não é surpresa nenhuma esse modelo dele de provocar as pessoas o tempo todo, de tratar as pessoas sem nenhuma dignidade. Sabemos que ele é maluco mesmo", detalha.
Líder do Democratas na Câmara, o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA) disse, em nota, acreditar "que nenhum ruído vá atrapalhar as votações". O parlamentar se refere especificamente à votação em segundo turno da PEC da Previdência, prevista para a próxima semana. Elmar adiantou que os deputados do partido "mantêm a firme posição" do que ele denomina como "Previdência Justa".
Mesmo tendo apoiado o chefe do Executivo durante a campanha presidencial, o deputado federal Capitão Wagner (PROS-CE) considera que "as palavras não têm sido o forte do governo Bolsonaro". O parlamentar espera que o presidente reveja as falas que causaram desconforto, como aconteceu em outros momentos. O POVO tentou contato e não obteve retorno dos deputados federais Joice Hasselmann (SP) e Major Vitor Hugo (GO), ambos do PSL, mesmo partido do presidente.
Entenda
Na segunda-feira, Bolsonaro disse que poderia "contar a verdade" sobre a morte do pai de Felipe e depois apresentou uma versão sobre o fato que não tem respaldo em informações oficiais. O presidente declarou que o militante foi morto por correligionários na década
de 1970.
fonte:opovo