O governador concedeu entrevista ao SVM (Foto: REPRODUÇÃO)
Menos de 24 horas após anunciar medidas de isolamento social mais rígidas para a cidade de Fortaleza- chamado lockdown, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), relatou que não tem conseguido dormir algumas noites pensando nos efeitos que a pandemia provoca nos cearenses. O desabafo foi realizado no inicio da tarde desta quinta-feira, 4, durante entrevista à TV Verdes Mares.
Ao falar sobre a situação epidemiológica que o Estado vive, com todos os seus municípios passando pela segunda onda da doença, Camilo desabafou: “Confesso a você que tem noites que eu não consigo nem dormir pensando nas pessoas que mais precisam no Ceará”.
O petista ainda comentou sobre a reação da população ao ser anunciado o lockdown em Fortaleza, afirmando que muitas noticias falsas (fake news) foram espalhadas a respeito dos motivos que o levaram a tomar decisão. Em anúncio realizado ontem, Camilo justificou que o isolamento social mais rígido seria adotado mediante o quadro epidemiológico preocupante que a Capital enfrenta- cujo avanço da doença na Cidade tem sido mais rápido do que o processo de ampliação dos leitos.
"Nós estamos falando de vida, meu Deus do céu, de pessoas que estão morrendo", destacou o governador, ao afirmar que muita gente tem inventado mentiras. Além disso, o gestor frizou que o momento é "difícil" e que as fakes news surgem em uma tentativa de "tirar o foco" desse fato.
As novas determinações mais rígidas iniciam nesta sexta-feira, 5, e seguem até o dia 18 deste mês. Se vão ou não seguir valendo depende de como o vírus se comportar na Capital durante os próximos 14 dias. De acordo com o gestor, o objetivo principal da medida é diminuir a curva epidemiológica de forma que o número de internações caia e que as pessoas não fiquem sem leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) disponíveis caso precisem.
Medidas de apoio
Apesar de necessário para frear o avanço da doença, o lockdown atinge diversos segmentos da economia- cujo funcionamento não está autorizado durante período. Durante entrevista, Camilo afirmou que tem conversado "constantemente" com empresários e garantiu que anunciaria ainda hoje medidas de apoio ao setor de bares e restaurantes.
Logo em seguida, o gestor também mencionou que traçaria medidas para auxiliar cearenses que se encontram em prejuízo financeiro por conta da pandemia- principalmente os que vivem em situação de vulnerabilidade. De acordo com o petista, as ações executadas em 2020, como o pagamento da conta de água e de luz, devem ser novamente colocadas em prática.
Enquanto delibera medidas de combate a doença e de apoio a quem sofre direta ou indiretamente por ela, o governador tem se empenhado em buscar a única alternativa válida para acabar com pandemia- vacinar população. A campanha está sendo executada na Unidade Federativa desde janeiro deste ano, quando o Plano Nacional de Imunização (PNI) possibilitou a distribuição de doses de vacinas aos estados brasileiros.
No entanto, a distribuição tem sido lenta diante da demanda do Ceará- que apresenta números cada vez mais alarmantes da doença. Por esse motivo, Camilo Santana tenta negociar vacinas diretamente com outros laboratórios, como o responsável no Brasil pelo imunizante russo Sputnik V.
Uma gestão de desafios
Camilo Santana enfrenta a liderança de um governo estadual mediante pandemia desde o dia 15 de março de 2020, quando os primeiros casos da doença foram identificados no Ceará. Desde então, há quase um ano o gestor tem assumido cargo priorizando medidas de enfrentamento a doença, estabelecendo decretos e autorizando ações de combate ao vírus que mais provocou mortes no Estado durante as últimas décadas.
No entanto, apesar dessa ser disparado a maior luta que o governador travou em seu mandato até agora, não foi a única. Desde quando assumiu o cargo, em 2014, o petista já geriu o Estado em meio a períodos de seca e a conflitos que necessitaram de ações imediatas para que fossem solucionados- como a paralisação da Policia Militar do Ceará (PMCE), em 2020.
Iniciando apenas um mês antes da pandemia, a greve contou com a adesão de mais de 200 agentes e provocou uma crise na segurança pública estadual. Nos primeiros dias em que paralisação ocorria, foi identificado a média equivalente a um homicídio por hora no Estado, o triplo do identificado em janeiro daquele mesmo ano.
A crise de segurança fez com que muitos municípios do interior cancelassem a comemoração do carnaval à época. Em meio ao período conturbado, o governador chegou a pedir apoio das tropas nacionais para enfrentar motim- que só teve fim no inicio de março, após longas tratativas de negociação.
Por O POVO Online.