(Foto: Rádio Fm Opção)
As contenções que serão instaladas por entidades do Governo do Estado nos estuários dos rios Curu, em Paracucu, e Jaguaribe, em Aracati, serão fiscalizadas ininterruptamente por técnicos ligados à Coordenadoria de Operações do Ceará - órgão oficializado ontem, após reunião de diversas entidades que discutiram o derramamento de óleo que atinge o litoral nordestino.
De acordo com Gustavo Gurgel, gerente de análise e monitoramento da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), que integra o colegiado, a ideia é bate-pronto. "Quando o óleo bater na barreira, a gente recolhe, e o estuário está salvo. O recolhimento será 24h por dia; se aparecer, é chamada toda a equipe e faz o recolhimento na hora", explica.
A implementação das barreiras deve ser finalizada até amanhã (31). No Rio Curu, será feita pela Ceará Portos por meio de uma empresa que já realiza o trabalho de contenção de óleo para ela; no Rio Jaguaribe, a ação ocorrerá por meio de uma instituição também especializada em contenção contratada pela Semace e pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), conforme explica o titular desta Pasta, Artur Bruno.
Segundo Gustavo Gurgel, as retenções foram inspiradas nos equipamentos instalados no Rio Paraopeba, após o rompimento da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, a fim de limitar a passagem de rejeitos para o restante do rio.
Tamanho e vazão
"Por algumas experiências que foram feitas com o derramamento do óleo em Pernambuco, Sergipe e Alagoas, se notou que, mesmo colocando as barreiras de saia, o óleo passava por baixo porque ele fica numa profundidade de 40 cm a 1 m", conta, ao ressaltar que o governo quer uma superfície que atinja, pelo menos, 3 metros de profundidade.
"A gente tá costurando essa malha pra ter segurança suficiente de que esse óleo vai ser barrado e não vai passar por baixo, porque até 3 metros ele não vai", garante o gerente da Semace. Já a Sema, em notas oficiais, afirma que o tamanho da rede será de 4 metros. A profundidade dos estuários dos dois rios é de 8 metros.
Técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) presentes à reunião do Comitê de Crise não quiseram gravar entrevistas. Contudo, no site da Instituição, a recomendação sobre as barreiras é que "a medida pode não alcançar a eficácia pretendida".
Embora o Instituto não cite o aumento da malha, além da parte submersa (popularmente conhecida como saia, de 40 cm), o Ibama argumenta que as redes de restrição "geralmente são eficazes em correntes com velocidades de até um nó", o que seria equivalente a 1,85 Km/h. E completa: "a vazão dos rios é muito superior a essa capacidade".
Segundo a Semace, nos 573 Km do litoral cearense, há 20 pontos com características similares às dos estuários dos rios Curu e Jaguaribe. Entretanto, os dois locais foram escolhidos de acordo com uma informação de que viria uma grande mancha de óleo da região setentrional do Rio Grande do Norte.
A aposta nos dois rios ocorreu após estudos de vento e correntes marinhas tendo como base esse corpo estranho no mar potiguar. "Se ele (o óleo) não aparecer no (estuário do Rio) Jaguaribe, eu diria que ele não aparece nos demais estuários", aposta Gustavo Gurgel.
Praias afetadas
O secretário Artur Bruno acrescentou, ainda, que serão entregues, hoje, equipamentos de proteção individual (EPIs) para as pessoas que estão atuando na retirada manual dos óleos no litoral cearense. Além disso, o titular da Sema garantiu que a Secretaria fará campanha massiva para as pessoas que queiram ajudar na retirada voluntariamente, estejam nas praias afetadas para própria diversão ou morem em comunidades que retirem seu sustento do mar.
Informações de entidades locais e do último boletim nacional do Ibama - publicado na segunda-feira (28) - sobre as localidades do Nordeste afetadas pelas manchas de óleo dão conta que, pelo menos, 28 praias de 12 municípios cearenses já tiveram ou apresentam resíduos de petróleo cru.
Na nota, as praias do Cumbe, em Beberibe, e Barra Nova, em Cascavel, foram apontadas pelo Instituto como áreas oleadas, com vestígios da substância que se move pelo litoral brasileiro. "Esperamos que a mancha não volte. O Governo Federal está fazendo as investigações para punir os responsáveis por esses crimes ambientais", finaliza Artur Bruno.
Conforme Gustavo Gurgel, da Semace, quase três toneladas de resíduos oleados já foram retirados do litoral cearense desde que a substância começou a se espalhar pelo mar e atingiu as praias do Estado - e por último o mangue de Beberibe. Os resíduos também incluem EPIs, mantas usadas e areia retirada.
fonte:https://diariodonordeste.verdesmares.com.br