(Foto: G1)
A mulher negra que foi algemada, arrastada na rua e teve o pescoço pisado por um policial militar em Parelheiros, zona sul de São Paulo, em maio de 2020, está sendo denunciada por quatro crimes pela promotora de Justiça Flavia Lias Sgobi. Na denúncia oferecida na terça, de quatro páginas, obtida pela GloboNews, a vítima é acusada dos seguintes delitos: infração de medida sanitária preventiva, desacato, resistência e lesão corporal (aqui os policiais militares seriam as vítimas das agressões).
O Ministério Público Estadual entendeu que a ocorrência em Parelheiros consistiu em um caso de desrespeito às normas sanitárias, porque a mulher estava com seu bar aberto durante o período de restrições no início da pandemia. Segundo o MP, ela e outros dois homens desacataram e até agrediram os policiais militares. Mas essa versão, dada pelos próprios policiais no dia da ocorrência, e, portanto, antes de as imagens serem divulgadas, já tinha sido apresentada no 25° Distrito Policial de Parelheiros, e ainda com o agravante de terem sido denunciados pelo mesmo MP Militar por mentirem na delegacia.
A denúncia do MP Militar contra os dois policiais é de junho deste ano e os acusa também por quatro crimes: lesão corporal, falsidade ideológica, abuso de autoridade e inobservância de regulamento. Os dois nunca foram presos pelo caso - apenas foram afastados das ruas.
Loja com código racista pra perseguir pessoas negras, policial confundindo marmita com arma, mulher negra vítima de violência policial brutal virando ré e os PMs vistos como vítimas. Tudo isso só na metade dessa semana.
Não há paz para as pessoas negras desse país.